quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Seis copos de leite perfumam o ateliê à noite

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Seis copos de leite perfumam o ateliê à noite
acrílica sobre tela
182x112cm
R$ 4.100,00

domingo, 20 de fevereiro de 2011

espanto 1

O que espanta não é a voragem de consumo, que vai da base ao topo da pirâmide social brasileira; o que espanta é essa classe média esclarecida cada vez mais furiosamente ativa, esquecida, parece, da imensa capacidade subjetiva de felicidade de que somos capazes. Quem garante que produzir contínua e furiosamente, seja o que for, conduz à liberdade – sem a qual felicidade alguma pode ser alcançada?

Trepa-trepa, da série sombras




























sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

inveja da ameixeira

O beija-flor fez seu ninho

sobre a folha da ameixeira.

A folha nasce diretamente do tronco

que não tem mais de um metro de altura

e nenhum galho ainda.

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Do ateliê vejo o ninho de algodão

o branco pontuando o verde do mato.

No côncavo, dois ovinhos de pedra – disse o menino

polidas uma na outra.

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Por que tão baixo, tão perto do chão?

Por que tão à vista dos sagüis e do cão?

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Mas quem sou eu para questionar

a sabedoria do beija-flor

– tão mais leve e delicada do que podemos supor.

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Sinto é inveja da ameixeira,

tão novinha ainda, pouco mais que um broto

mesmo assim a escolhida

no bosque de araucárias e bambus.

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inédito

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Casal Enamorado

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Casal enamorado à sombra de uma árvore
óleo sobre tela
140x210cm
R$ 7.200,00

Pinto cada vez mais devagar. Foram 4 meses trabalhando nessa tela, sem falar nos esboços, de setembro do ano passado. Mas não tenho pressa. O mundo que corra, que cumpra seus compromissos. Eu martelo sempre a mesma pergunta, sem resposta. Martelo com o instrumento que estiver à mão: lápis, pincel, arame, diafragma... em silêncio, porque o barulho não adianta nada. Nunca antes o barulho e a pressa andaram tão juntos, nunca o silêncio custou tão caro. Mas nós, os devorados pelo tempo, nós vamos devagar, sussurramos uns com os outros e temos a eternidade pela frente.
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

+ 2 grafites do Chile


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Essas câmeras pequenas de alta resolução são uma maravilha, você saca e atira, saca e atira, e ninguém vê nada, assim hiperdiscretamente é possível roubar o que o olho da alma apenas pressente, de esguelha, sem mesmo que os outros dois olhos vejam de fato, e é bom que seja assim, entre plumas, entrelinhas, cego de ver objetividades, que se impõem tanto via publicidade, tevê, moda, lataria de automóveis, lugares comuns, redes sociais, melhor que seja assim, câmera-arma de brinquedo, sem pose, sem desejo de posse, sem sobriedade, melhor só a nuvem do desejo disparando o que antes foi diafragma, sem projeto, sem contrapartida social, qual a contrapartida social de um poema, de um beijo? qual o público alvo de um suspiro? pra que lei de incentivo para o gozo? essas câmeras compactas são uma maravilha de inexistência, você saca e atira, abstraída a mira, saca e atira no corpo do belo tangível, translúcido de sombras, e só um louco de olhos bem abertos veria nele o intangível.
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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

beijo no museu


Esses desenhos, fiz centenas deles, sempre com nanquim. Mas nessa hora da noite, com esse silêncio úmido de chuva, depois de tanto tempo, que sentido eles fazem? Fiquei cego para o que não seja a epiderme de algodão do papel, o cheiro do nanquim entrando pelas narinas. E, com os olhos fechados, não compreendo mais nada, embora descanse, tranquilo, bastante tranquilo.