sexta-feira, 2 de março de 2012

o cão que te morde


o cão
óleo sobre tela
80x120cm

Depois de quase meio ano, terminei agora à tarde a tela do cachorro simbólico, com fundo vermelho-rosa coberto por uma membrana escamada branca. Embora deseje manter a pintura à superfície, faço tudo o que posso para torná-la densa, para que seu significado se dê no subsolo – onde nasce a obscura clareza dos iluminados por si mesmos. O que me importa é o sentido, o sentido denso de estar vivo, mas que ele se dê com uma certa ternura, ou pelo menos envolto em silêncio, esse silêncio misterioso que brota de alguns poemas e, com certa frequência, dos olhos daqueles com quem convivemos mais intimamente. À voluptuosidade da superfície, corresponder um subsolo ainda mais rico, cheio de verdades pressentidas, mas tão reais como esse sonho azul de céu que tenho agora sobre a cabeça, neste fim de tarde de 1º de março do ano de dois mil e doze.

No meu caso, as soluções plásticas só fazem sentido quando ancoradas no pressentimento maior das alegrias e agruras de estar vivo. Cada vez mais pinto o que pressinto.

3 comentários:

Zaclis Veiga disse...

amo estes "pressentimentos" cada vez mais.

carlos dala stella disse...

eu também, de misterioso, mais do que doce, amor

Zaclis Veiga disse...

(sorriso)