domingo, 2 de outubro de 2016

caderno de ateliê 61 / 15




Seria possível continuar desenhando pelo resto da vida. Cada desenho é uma passagem, de um ímpeto para outro ímpeto. No corpo de cada ímpeto, por menor que ele seja, há sempre uma vastidão sem sentido de eternidade. Desenhar é fazer conjeturas e refutações sobre um sentido momentaneamente eleito, para logo em seguida partir para nova tentativa, e assim sucessivamente até que a roda nos pareça redonda o suficiente. Quem vê de fora vê desenhos; quem vê de dentro não vê, sente-se fluxo, entre acidentes pacientemente elaborados ou inesperados. Cada desenho é uma passagem; quando alguém entra, não estamos mais lá, mas alguém vai nos representar.

Nenhum comentário: